Uma das maiores fontes de angústia para o ser humano é não conseguir moldar a vida de acordo com seus desejos. Todos gostaríamos de ver materializados rapidamente os nossos anseios e, quando isto não acontece, sentimo-nos frustrados e, muitas vezes, cheios de raiva.
Tão envolvidos ficamos neste processo, que se torna difícil perceber o quanto esta atitude rígida acaba bloqueando a possibilidade de que o novo, o inesperado e o surpreendente aconteçam.
Visto que nossos desejos são, em sua maioria, determinados pelo ego e por emoções conflitantes, vê-los materializados não é, em absoluto, garantia de que nos farão felizes.
Ao contrário, ainda que a princípio possamos nos sentir assim, logo novas inquietações surgirão, para nos levar de volta ao mesmo estado de ansiedade e insatisfação.
Por que, então, não buscar uma nova maneira de agir, fora deste padrão? Confiar que a vida nos trará o que for o melhor para nossa evolução é a maneira mais eficaz de aprendermos a relaxar e nos entregarmos sem reservas ao que acontece.
É claro que isto exigirá de nós uma disposição permanente para encontrar respostas criativas a cada situação, fugindo dos padrões pré-estabelecidos. A insegurança, que esta nova atitude gerará a princípio, será substituída por uma nova sensação: o prazer de ser surpreendido pela existência.
O pensamento positivo forçado, daquele que nega a realidade fingindo que tudo está bem ou vai melhorar chega a ser prejudicial, acredite. O próprio livro O Segredo se contradiz primeiro aludindo que são os pensamentos a fonte de tudo, e depois que na verdade são nossos sentimentos, emoções e essência espiritual que atraem e manifestam nossa realidade. O segredo é estar bem, independente do que nos acontece em volta, e não “pensar bem”, ou “pensar positivo”. Creio muito nisso. Resumiria isso dizendo que nossa realidade é consequência do que SOMOS, e não necessariamente do que pensamos (com toda a carga existencial que o termo SOMOS carrega). Então responda: Se você está endividado, por exemplo, e repete a si mesmo que é rico, que tem muito dinheiro, que é próspero, etc, etc toda vez que lembra das suas dívidas, qual sensação está nutrindo? A de que “tem muito dinheiro” ou a péssima sensação de que está endividado? Pois é… Essa é a origem daquele ditado: Quanto mais rezo, mais assombração me aparece. Porque pensar positivo motivado por uma circunstância ruim (e quase sempre só lembramos de pensar positivo quando estamos na pior) só vai reforçar a sua circunstância atual.
Por outro lado, é evidente que o pensamento negativo é prejudicial de toda e qualquer forma possível. Quando pensamos nas coisas negativas que nos afligem, estamos “segurando” aquela situação na mente, e nutrindo ainda mais a sensação negativa que despertou os tais pensamentos.
E qual a solução?
Aceitação. Esperança. Ação.
Aceitação
Uma das sentenças mais significativas que a Seicho-no-ie prega são as primeiras palavras do livrinho que eles chamam de Sutra Sagrada: Reconciliai-vos com todas as coisas do céu e da terra. Lindo, não? Mais lindo ainda é você manifestar esse estado espiritual em si. Ficar de bem com o mundo e com as pessoas. Você não deve CONCORDAR com o mundo e com as pessoas, porque isso sim é impossível. Mas você pode sim ACEITAR o mundo e as pessoas como são. Essa postura é digna de quem exerce o dom da compreensão. De quem ENTENDE que o mundo e as pessoas são do jeito que são, por mais imperfeitas que possam ser, e não do jeito que esperamos/queremos que sejam.
Existem quatro atitudes mentais possíveis quando estamos diante ou envolvidos por uma situação indesejada. Veja se você não concorda:
Encontrar uma solução qualquer e agir no sentido de efetuá-la, por mais difícil e demorada que possa ser.
Ao não conseguir encontrar uma solução qualquer, forçar a manutenção de um pensamento positivo na mente, diante da inegável situação indesejada.
Pensar e “remoer” a situação. O típico pensamento negativo. Concluir que está ruim e vai continuar ruim, ou piorar.
Aceitar a situação que se mostrou insolúvel e tentar se concentrar em outra atividade, afinal de contas, o que não tem remédio, remediado está!
Dessas quatro possibilidades, apenas duas são efetivas:
Encontrar uma solução qualquer e agir no sentido de efetuá-la, por mais difícil e demorada que possa ser.
Aceitar a situação que se mostrou insolúvel e tentar se concentrar em outra atividade.
....É melhor não colocar etiquetas na vida, é melhor não lhe dar uma estrutura, é melhor deixá-la aberta sem final, é melhor não classificá-la, não etiquetá-la. Você terá uma experiência muito mais bela das coisas, terá uma experiência mais cósmica das coisas, porque as coisas não estão realmente divididas. A Existência é um todo orgânico, é uma unidade orgânica. A folha mais pequena do jardim, a mais pequena das folhas é tão importante como a maior estrela.
O menor é também o maior, porque tudo é uma unidade, é uma continuação. E no momento em que você começa a dividir, você está criando linhas arbitrárias, definições. E é assim que se vai perdendo a vida e o seu mistério.
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