Eu perco o chão, eu não acho as palavras Eu ando tão triste,
eu ando pela sala Eu perco a hora, eu chego no fim
Eu deixo a porta aberta Eu não moro mais em mim
Metade, Adriana Calcanhoto
A CO-DEPENDÊNCIA é uma síndrome emocional de pessoas que só conseguem viver em relacionamentos doentios
, ou seja, é reconhecidamente uma “síndrome de pessoas que só sabem estabelecer relacionamentos baseados em
problemas. São relações pouco saudáveis, em todas as esferas. O foco está sempre no outro e o vínculo não é o
amor ou a amizade, mas a doença, o poder, o controle”.
Não confiamos em nossos sentimentos, não os usamos para dirigir nossa vida. Ao contrário, somos na verdade
atraidos para os perigos, as intrigas, os dramas e os desafios de que se esquivariam outras pessoas, com
experiências mais saudáveis e equilibradas. E através dessa atração nos machucamos ainda mais, pois muito do
que nos atrai é réplica do que vivemos ao crescermos. Ferimo-nos outra vez. Ninguém se transforma em mulher
que ama demais por acaso..”.
É possível compreendermos as causas e os mecanismos que levam aos padrões comportamentais.
O co-dependente ou aquele que ama demais traz sua vida adulta as FERIDAS DA INFÂNCIA e tenta
persistentemente reproduzir mesmas situações que viveu, na vida real ou no seu mundo imaginário, como o
abandono, a rejeição, a injustiça, a invasão, a submissão, entre outras. Envolve tudo em uma “doce fantasia”, para
tentar superar ou até mesmo mudar a situação passada. Infelizmente, essa busca só leva a um padrão repetitivo
de comportamento e à recriação do medo e da dor através do vício de amar e sofrer demais.
Nós nos tornamos seres que amam demais porque, durante nossa infância, recebemos aquilo com que não podemos
lidar. Como afirma Robin Norwood, “... vivemos assim em dois níveis de realidade: no nível do que está realmente
acontecendo e no nível do sentimento... (a criança) nega tanto a realidade quanto os sentimentos em relação à
realidade e cria uma fantasia com a qual é mais fácil viver. Com a prática, ela torna-se muito habilidosa em
proteger-se da dor dessa maneira, mas ao mesmo tempo perde a capacidade de livre escolha sobre o que está fazendo.
Sua negação opera automaticamente, espontaneamente” Ao chamar a atenção para a co-dependência e o amar demais,
minha inter é abrir a possibilidade de reflexão e reforçar que ambos podem se manifestar de diferentes formas e em
diferentes escalas. Afinal somos seres únicos, com respostas emocionais distintas, O que não muda é a base.
Ela é a mesma, ou seja, de de viver a sua vida para passar a viver a vida do outro. Essa decisão por si só traz dor.
É preciso descobrir que não temos o controle real sobre o outro, vivemos com a ilusão de que, ao nos submetermos ao
outro, podemos conseguir o que almejamos: o amor exclusivo. E essa também é uma premissa falsa, causa de grande
desesperança. É importante deixar claro que tanto a co-dependência como o amar demais podem ser revertidos.
A transformação inicia-se com a mudança de foco - voltar-se para o interno, o olhar para dentro, o acolher cada
escolha e cada sentimento, o estar atento à comunicação e, principalmente, parar de querer transformar o outro.
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